terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Aos amigos ou Acontece

Acontece que se foi construindo em mim nos últimos tempos uma convicção cada vez maior de que nada neste mundo importa mais do que gente. Pena que sei tão pouco sobre como lidar com estas criaturas tão aparentes, tão escondidas, tão superficial e profundamente aparentadas. Mas sei de uma coisa, lidar com gente é lidar com o dizer. O dizer o que se quer ouvir eu não quero. Tem muita gente incumbida disso nessa vastidão, devassidão. Quero dizer o que sinto, o que vivo, o que vejo. Dissimular nem não quero não. Cansei de gente dissimulada na minha vida. Cansei de dissimular também. Parece forte dizer isso, mas acho que o dissimulado raramente se vê como tal. Afinal, ele sempre tem suas razões. Estamos sempre prontos a nos justificar, e nossas justificativas, ainda que nem sempre idôneas, são-nos plausíveis. Por vezes galopamos a maior parte do caminho sobre elas. São de alguma forma alicerce, ponto de fuga, posto que nos vermos como realmente somos é por demais dolorido. Aí o mundo fica assim, cheio de injustiças, sem que ninguém se ache injusto.
Quero consciência. Não a minha, mas de mim. Sei que boa parte dela só os amigos podem-me conceder, já que meu ângulo de visão não é o melhor, muitas vezes tende a ser tendencioso. Do mesmo modo, quero consciência do outro, da consciência do outro. Dessa forma, digo que queria conhecer o outro, luz e sombras. Entretanto, sinto que a barreira dos mal-entendidos ainda permeia essa relação. Sinto-me insegura, portanto. Também sinto que muito do que se pensa sobre o outro não é dito. Mais insegura fico.
E toda essa história porque me canso dos sub-entendidos, mal entendidos, desentendidos e demais membros desta família que permeia o mundo das palavras. Tudo isso porque sei que, para que algo seja entendido, precisa ser dito. Então também que fique entendido apenas o que foi dito. Tudo isso como um aceno à sinceridade. Queria apenas dizer essa imensa vontade de sair de mim e de conhecer gente em si. Gostaria apenas de compartilhar-me um pouco.