quarta-feira, 14 de março de 2007

De novo

A moça do trem resolveu não ler nada desta vez. Queria de volta o que havia perdido. Queria voltar. O trem era fétido. As pessoas fétidas. Os trilhos tédio. Milhares de olhos nada viam, e ela ali, simplesmente ali. Já não tinha, era vazio. Olhou na janela e não viu o sublime, só formas empoladas querendo vida. Parecia que o mundo tinha se perdido com ela. Chovia. Os homens mascavam chicletes. Os homens olhavam bundas elevadas de espírito. Lá fora o sublime. Fecharam os vidros porque lá fora molhava o trem.
A moça do trem escarrou no chão de madeira, os homens olharam. Havia um pedaço de pau carregado de sentimentos escorrendo por suas frestas. Alguém sentiu enjôo. Então o sentimento sugou o chão, um chão puro, um chão distraído, um chão caro e escasso como os que vimos quando sentíamos.

2 comentários:

_h5_ disse...

sou seu fã!

sem hipérboles...

maria carolina disse...

lindo, sem mais.